O que é ansiedade?
É um problema comum de saúde mental que afeta muitas pessoas em todo o mundo. É caracterizada por sentimentos de medo, preocupação e tensão, que podem levar a comportamentos evitativos e limitações na vida cotidiana.
A ansiedade é uma emoção normativa, ou seja, é comum à experiência de todos os seres-humanos. Sentir esta tensão não tem de ser um problema, exceto quando ela sai do nosso controlo e quando limita a nossa vida. É um mecanismo adaptativo que todos possuímos e, em níveis equilibrados, pode ser algo saudável. Isto porque ela é a emoção que nos permite estar atentos/as, alertas a possíveis perigos, que nos faz preparar para situações importantes.
Imagine, por exemplo, que está perante um animal selvagem que o tenta atacar; ou que tem um exame importante nesse dia. Se não sentisse esse medo, ficaria à mercê do perigo ou não se preparava ou estudava com esforço para o exame.
9 Causas da ansiedade
Quem sofre de uma perturbação de ansiedade, ou mesmo qualquer pessoa que já tenha tido um pico de ansiedade mais intenso, pode ficar muito frustrado e a pensar no porquê de a ansiedade surgir. A ansiedade é limitadora e, consequentemente, muitas vezes as pessoas não compreendem porque a sentem, porque é que ela está presente, porque é que provoca sintomas que de facto nos fazem acreditar que algo de grave pode estar a acontecer connosco.
Por todas estas razões, compreender melhor a ansiedade, os seus mecanismos e o seu funcionamento, é algo importante e que pode ajudar a geri-la melhor.
Como referimos no início, a ansiedade em si é um mecanismo biológico de sobrevivência, que existe para nos ajudar a lidar com perigos, ameaças e situações de grande relevância. Deste modo, a ansiedade funciona como uma espécie de alarme interno para nos alertar para as ameaças e nos permitir protegermo-nos delas. No entanto, por vezes esse alarme torna-se hipersensível, passamos a ver ameaças em sítios onde elas não existem ou a exacerbar os perigos.
Mas porque é que isso acontece? Ou seja, porque é que determinadas pessoas desenvolvem uma perturbação de ansiedade, a tal ansiedade excessiva e desproporcional, e outras não? Embora não exista uma causa única e específica, vários fatores de risco parecem estar associados a uma maior probabilidade de desenvolver uma perturbação de ansiedade:
- Experiências traumáticas na infância ou ao longo da vida;
- Situações de vida particularmente stressantes (ex: perdas ou lutos, desemprego, conflitos interpessoais…);
- Pais demasiado protetores;
- Historial de ansiedade na família;
- Abuso de substâncias químicas;
- Temperamento inibido e medo da avaliação negativa por parte dos outros;
- Doenças físicas e condições de saúde;
- Estilo de vida pouco saudável e caracterizado por elevados níveis de stress;
- Exposição a excesso de informação e estimulação.
Ataques de ansiedade
Quando falamos de ansiedade, é comum ouvirmos as expressões “ataque de ansiedade” ou “ataque de pânico”. Por vezes existe alguma dificuldade ou confusão em definir de forma concreta o que são estes episódios.
Em primeiro lugar temos de perceber que existem dois tipos de episódios diferentes e saber distingui-los: a crise de ansiedade e o ataque de pânico. Na crise de ansiedade, existe geralmente uma causa identificável, por exemplo, a pessoa teve o episódio após uma discussão intensa. Já no ataque de pânico, há uma sensação repentina de terror que desencadeia o episódio, mas não existe uma razão aparente ou situacional.
Assim, a crise de ansiedade é uma situação em que, por estarmos preocupados ou com receio de alguma coisa, desencadeamos uma resposta ansiosa. Por outro lado, o ataque de pânico atinge níveis de ativação mais elevados e muitas vezes o medo advém das próprias respostas fisiológicas (“o meu coração está a bater tão rápido, estou a ter um enfarte, vou morrer”) ou do contexto (“já tive um ataque de pânico neste sítio, vai acontecer outra vez”).
Durante estes episódios, surgem reações fisiológicas intensas, a pessoa tem dificuldade em respirar, sente o coração acelerado, começa a suar mais (principalmente das mãos ou dos pés), treme, pode sentir formigueiros e dormência no corpo, pode ter vómitos, náuseas ou dores de barriga… Acima de tudo, sente-se a perder o controlo, com dificuldade em pensar e com uma sensação intensa de medo e de mal-estar, podendo também estar presente o choro compulsivo.
Alguns pensamentos comuns durante um destes episódios são “vou desmaiar”, “vou morrer”, “estou a perder o controlo”, “não aguento”, “não sei o que se passa comigo”, “não consigo controlar”, “não estou bem”, “vou ter um enfarte / AVC…”, “estou a sentir-me muito mal”…